15 de abril de 2008

O cinema perde a sua brasa – apaga-se, aos poucos, o fogo na sétima arte

Por Ivna Macedo
Graduanda de Estilismo e Moda
Universidade Federal do Ceará
Email: ivnam@live.com
A imagem é algo intrínseco quando se fala de moda. Barthes analisa a moda sob diversos aspectos: lingüísticos, psicológicos e, inclusive, o da imagem. A imagem da moda pode ser representada por inúmeras áreas. Essa imagem pode ser expressa na fotografia, com editoriais de revistas de moda como a Vogue, L’Officiel ou Elle; no artesanato, com estilistas genuinamente brasileiros como Mark Greiner ou Lino Villaventura; na publicidade com campanhas publicitárias das grandes marcas; nas artes plásticas, que, cada vez mais, se unem às tendências da moda. Na sociedade atual, estamos sendo bombardeados de imagens o tempo todo, por todos os lados.
A moda como imagem também está no cinema. Essa faceta da arte está cheia de referências de moda. Não só com filmes temáticos sobre ela como: Prêt-à-porter, sátira de humor negro dirigida por Robert Altman que fala de uma série de romances que ocorrem durante a semana de moda de Paris e mistura a realidade dos desfiles com a ficção do enredo; e o mais recente O diabo veste Prada, dirigido por David Frankel que, supostamente, conta a história da famosa, porém hostil editora da revista Vogue americana, mas também pode ser expressa nos figurinos memoráveis de filmes ganhadores do Oscar de melhor figurino como: Moulin Rouge, Titanic, Gladiador, Shakespeare apaixonado, Memórias de uma Gueixa e tantos outros que nos remetem a lugares e datas somente pela magia visual.
O cinema traz muitas referências marcantes da moda, não só nas telonas, mas fora delas também: atrizes e atores de Hollywood são grandes trend-setters. Todo ano saem críticas sobre os mais chiques e os nem tanto assim do tapete vermelho da premiação mais esperada do calendário. Porém, em suas últimas edições o vermelho do tapete tem perdido seu glamouroso brilho. Vestidos e trajes repetitivos têm sido motivo de tédio entre os principais jornalistas de moda. A imagem da moda têm achado outras vertentes para se mostrar como em clipes musicais, internet, televisão... as figuras mais inesperadas estão se tornando celebridades com a ajuda da alavanca social que é a moda.
BIBLIOGRAFIA
BARTHES, Roland. Sistema da moda. Sao Paulo: Nacional, 1979. 301p
http://www.iMDb.com
http://www.oscar.com

Moda e a Sétima Arte

Priscilla Venâncio
Graduanda de Estilismo e Moda
Universidade Federal do Ceará
e-mail: pri_venancio@yahoo.com.br


Se formos pensar a relação entre Moda e Cinema, não há dúvidas de que um interage com o outro desde o surgimento do cinema. Atualmente é mais fácil pensarmos em Moda e Televisão. O cinema desempenhava um papel de agente social, levando a população a sair de casa e interagir com os demais, podendo então ter acesso ao que as estrelas usavam e como se comportavam. A televisão após a II Guerra Mundial, mais popular e comercializada, tornou-se o meio de comunicação e cultura mais difundido e mais ‘democrático’. Porém, ainda assim, não se pode descartar a grande influência que a Moda exerce sobre a Sétima Arte, ou o inverso.
O cinema não pode ser definido apenas como difusor de Moda, relacionada à indumentária, mas também de comportamento. Conceitos, como de beleza, de masculinidade e feminilidade foram ditados e tabus foram discutidos a partir dos filmes, apesar da grande polêmica que causavam. Podemos citar inúmeros filmes que ao longo das décadas deixaram a sua marca, não só como documentos históricos, que legitimam a indumentária e os costumes da época, mas também como lançadores de Moda quando foram lançados.
Como exemplo polêmico, que desafiou os conceitos da época, o filme “Juventude Transviada” (1955), com James Dean e seu estilo despojado de vestir e de se portar diante da sociedade. Trazendo para as lojas a famosa camiseta branca, antes usada apenas como ‘roupa de baixo’. Outro exemplo é o biquíni xadrez usado por Brigite Bardot no filme “E Deus criou a mulher” (1956), que apesar de ser um escândalo para a época uma mulher aparecer nas telas vestindo apenas um biquíni, foi bastante copiado por mulheres do mundo todo.
Já tratando da relação inversa, da Moda influenciando o Cinema, o exemplo mais atual que temos é o filme “O Diabo veste Prada” (2006), filme que retrata o mundo da Moda com seu glamour, seus defeitos e intrigas, mas principalmente mostrando a importância dela na sociedade.
O Dragão Fashion Brasil 2008 vem trazendo como tema de sua nona edição “Dragão de todas as artes” focando o artesanato, as artes plásticas, cinema e a relação destas com a Moda. Temos então uma ótima oportunidade de pensar nesse assunto, tirando dos nossos antigos conceitos que Moda é apenas vestir.

1 de abril de 2008

Moda Solidária: Antes e depois

Gabriela Ferrera
Graduanda em Estilismo e Moda UFC
E-mail: gabrielaferrera@hotmail.com


Como processo social, a moda se caracteriza pela efemeridade e os seus consumidores estão cada vez mais interligados com o mundo e suas tendências, tornando-se mais exigentes e ávidos por novidades. Contraditoriamente à massificação de produtos, fala-se em individualização da moda como meio de diferenciação de estilo ou de conceito.Técnicas de artesanato como crochê, bordados e outras são introduzidas em coleções, agregando mais valor ao produto e beneficiando comunidades através de novos meios de geração de emprego e fortalecimento da cidadania.
Da interação do trabalho de artesãos e de estilistas, surge um resultado fantástico, porém, na maioria das vezes, momentâneo.Alguns grupos de artistas não são capacitados para caminharem sozinhos e voltam ao estilo de produção anterior. Esse é um ponto que deve ser considerado, pois as comunidades necessitam não só do incentivo momentâneo, mas também de meios concretos para a continuidade desse trabalho singular.
Em contraposto a essa realidade existem grupos que são acompanhados e que conseguem firmar um produto diferenciado, atendendo as expectativas dos consumidores e do mercado, não só o local, mas também se destacando em outras regiões e países. O programa SEBRAE de artesanato, Irmãos do Ceará, conta com a participação de profissionais de diversas áreas, como estilistas, publicitários, administradores e outros, capacitando novos grupos, aperfeiçoando técnicas e produtos, dando assessoria gerencial, apoio a comercialização, marketing do artesanato cearense e apoio a obtenção de crédito.
No calendário de moda de Fortaleza, alguns eventos priorizam essa interação entre setores. Em especial o Dragão Fashion que em suas últimas edições vem fortalecendo o “link” entre moda, artes e sociedade. No ano de 2007, o estilista Mark Greiner, através do Projeto Rendas e Bordados do Ceará, uma parceria com o SEBRAE-CE e grupos de artesãs dos municípios cearenses de Aracati, Paracuru e Trairi, apresentou uma belíssima coleção onde mesclou harmoniosamente elementos de sua origem de vida com diversas técnicas de trabalhos manuais desenvolvidos pelas comunidades. Assim, ponto a ponto, vai ser firmando a existência de um diálogo positivo entre moda e inclusão social.