26 de março de 2008

Boom, cinema com moda

Francisca Gondiane Andrade Matos
Graduanda do curso de Estilismo e moda
gondianea@yahoo.com.br

Este ano a edição do Dragão Fashion 2008 apresenta o tema Moda, Artes visuais, Cinema, Artesanato. A simultaneidade do evento com o 16º Cine Ceará será um privilégio para os fashionistas. A moda e o cinema têm muitos caminhos juntos.

O cinema, a grande invenção dos irmãos Lumière nasceu sem a pretensão de tornar-se uma arte apreciada pelo mundo, pensou assim o seu inventor em 28 de dezembro de 1895 ao apresentar o “cinématógrapho” com alguns filmes curtos e sem som no Grand Café. Lumiére se enganou ao achar que o cinématógrafho serviria apenas para pesquisas, logo mais tarde Hollywood dispara a produção de filmes dos mais variados gêneros como os musicais, terror, suspense.

Nos anos 30 o cinema passou a disseminar os costumes e a moda através de grandes estrelas como Greta Garbo, Marlene Dietrich, Katharine Hepburn, Joan Crawford... A indústria cinematográfica estrelou divas endeusadas com sucesso abrangente, que impulsionavam adorações e frisson ao extremo nos seus fãs. A vida frívola destes ídolos era destacada como as mansões suntuosas, luxo, amores passageiros, festas, uma vida de prazeres. Obtiveram seu papel no fenômeno da moda, logo conseguiram desbancar a superioridade das mulheres da sociedade em matéria de aparência e imporem-se como líderes de moda.

Greta Garbo lançou várias modas durante o período que atuou em Hollywood de 1925 a 1941. O corte de cabelo até os ombros, vários modelos de chapéus, o chapéu de aba caída que ficou na moda durante dez anos, pilbox, o casaco trenchcoat foram populares. Mais que a beleza a sua personalidade foi o imperativo soberano de seu brilho, e conseguiu transmitir nas telas um tipo de mulher inacessível e altiva, enquanto Marylin Monroe encarnou a mulher inocente, sensual e vulnerável.

Não somente essas atrizes hollywoodianas foram sucesso na telas e na moda, mas nos anos 1930 e 40, figurinistas como Adrian, Milo Anderson, Travis Banto, Orry Kelly, Edith Head e Irene delinearam silhuetas graciosas das mulheres desse período.As grandes vedetes surgiram como a nova invenção do cinema e invadiram rapidamente o universo da canção e do music hall, cada vez mais o mini-ídolos eclipsam e assim as estrelas são afetadas de alguma maneira. Para elas menos honrarias e altitude divina, saindo da imortalidade deixando a imagem de deusas. As estrelas se banalizam buscando outra diferente forma de mídia. As vedetes utilizaram seu sucesso no music hall para penetrar no mundo do cinema (Bob Hope, Sinatra, B.Crosby, Montand) e em seguida os ídolos do show biz se lançam no cinema (J.Hallyday, A.Souchon, Madonna, Tina Turner, Grace Jones).

Com esse breve histórico de elos entre o cinema e a moda tenho a certeza que o evento mais esperado de Fortaleza não decepcionará a todos que com veemência ansiosa aguardam para conferir todos os minuciosos detalhes da arte de quem faz as criações de moda.

Referências Bibliográficas

LIPOVETSKY, Gilles. O Império do efêmero – a moda e seus destinos na
sociedade moderna. São Paulo: Companhia das letras, 1987.

NACIF,Maria Cristina Volpi. A moda no Brasil e os modelos estrangeiros:a influência do cinema de Hollywood na moda do vestuário feminino nos anos 30-40.Rio de Janeiro,1993

BERNADET, Jean-Claude. O que é cinema. São Paulo: Brasiliense, 1985. (pp. 12 a 17)