27 de março de 2008

Maquilhagem: uma arte das telas, passarelas e ruas.

Mónica Féria Theotónio da Costa Serrão
Estudante da Universidade Técnica de Lisboa em intecâmbio na UFC
monicacserrao@hotmail.com

No mundo do cinema, tal como no dia a dia (do quotidiano) da nossa sociedade, a maquilhagem tem um papel extremamente importante. Com ela, podemos esconder, acentuar, deformar, colorir, o corpo humano e em especial o rosto.
A função da maquilhagem ao longo da história do cinema tem sido ajudar o actor a criar a sua personagem, juntamente com as roupas, os acessórios, cabelos, etc.
Na sociedade ocidental actual, a maioria das mulheres não dispensa o seu ritual matinal de maquilhagem, dando uso às capacidades milagrosas dos produtos existentes no mercado. Com um simples toque de um pincel podemos modificar a nossa aparência, e isso permite-nos encarar várias personagens de acordo com a pincelada que escolher.
O povo egípcio foi o primeiro a documentar a importância do uso da maquilhagem e dos cosméticos como uma parte importante da sua cultura. Os faraós maquilhavam os olhos destacando-os para não olhar directamente para o Rá, Deus do Sol. Quem não se lembra da Cleópatra, mulher poderosa e carismática, referência de sensualidade e de beleza, retratada de pele clara e com um risco preto (pó de khol) sobre os olhos para os realçar.
Também para os romanos, greco-romanos, persas, passando pela idade média até no Renascimento, a pele clara, pálida mesmo, era sinal de saúde e de estatuto social, uma condição da beleza pura e nobre. Para isso as mulheres utilizavam mascaras nocturnas de farinha de favas, miolo de pão, leite, bocados de vitela, alvaide, etc. Utilizavam e inventavam 1001 receitas para clarear o corpo. Porém tinham a ajuda da maquilhagem, quer para clarear o rosto, como para rosar as maças do rosto. Há quem diga que Popéia (ideal de palidez para as romanas) maquilhava as veias do peito e da testa de azul para realçar ainda mais essa palidez.
No séc. XIX surge o primeiro estilista, Charles Frederick Worht, e com ele nasce a Alta Costura. Em 1885 é fundada a Câmera Sindical da Alta Costura Parisiense e com ela estilistas como Paul Poiret, Madeleine Vionnet, Coco Chanel, Christian Dior, Balenciaga, Givenchy, etc. mudaram a história da moda, criando a necessidade de mudança também no mundo da maquilhagem.
Porém, foi somente no séc. XX, graças aos avanços químicos, ao crescimento da televisão e do cinema que se iniciou a industria dos cosméticos como nos a conhecemos hoje em dia.
Em 1904 Max Factor emigra para a América em busca de uma vida melhor, e em Los Angeles abre a primeira loja de maquilhagem para teatro, não demorou muito para se tornar o primeiro maquilhador de Hollywood. Por volta dessa mesma altura o cinema mudo explora a nova tendência de maquilhagem publicada na Vogue o “exotismo”, compondo várias mulheres sensuais com grandes riscos pretos á volta dos olhos para os tornar maiores.
Por volta dos anos 30, a maquilhagem estava disponível para as mulheres de todas as classes sociais, que, através de seu uso, tentavam se assemelhar aos seus ícones. Actrizes como Greta Garbo e Marlene Dietrich eram o padrão de beleza e de feminilidade, e Marylin Monroe com os seus rostos claros e lábios vermelhos também o foi.
A partir dos anos 70 as pessoas começaram a utilizar a maquilhagem e os cabelos para se diferenciarem, como meio de expressão do seu estilo de vida e não seguindo a moda..
Cada vez que um grande costureiro lançava uma nova colecção de cores e formas para as roupas, lá vinha um tom de sombra específico para os olhos, uma nova cor de boca, ou um novo verniz, criando uma variedade enorme de escolhas. Os códigos de beleza começaram a mudar de acordo com as estações do ano.
Á beira do novo milénio, novidades como cosméticos pigmentados e novas fórmulas como protecçao solar, umectação e controle do envelhecimento da pele, vieram encrementar a importância da maquilhagem.
Nas décadas seguintes surge a pluralidade de estilos e a globalização. Surgem também as top models capas de revistas e ícones de beleza, porem é uma beleza difícil de alcançar, então as escolhidas para retractar as imagens das marcas foram as actrizes, caracterizadas como “mulheres comuns” que passaram a ser os grandes ícones e os exemplos para as mulheres da actualidade.
No cinema a maquilhagem é tão importante que desde 1981 é atribuído um Óscar nesta categoria, depois de muita luta por parte dos maquilhadores. Há quem diga que um boa maquilhagem ajuda a actriz a ganhar um Óscar pela sua representação.
Quer seja para embelezamento, correcção de imperfeições, para caracterizar o actor de outra pessoa como envelhece-la ou transformá-la num monstro, ou para uma caracterização de efeitos especiais, etc., ela é necessária para a interiozação do actor na sua personagem, que tem que exprimir na sua representação o maior realismo possível.
A maquilhagem facilita a expressão do actor dando-lhe mais confiança e ajuda o público a acreditar naquilo que realmente está na tela, permitindo também um maior envolvimento deste no filme. Também o ser humano quer ser credível e confiante, e porque não apoiar-se na maquilhagem para isso? Tal como os estilistas se apoiam dela para retractar nas modelos as suas colecções, e dar mais ênfase aos seus desfiles.
Não há dúvida que a maquilhagem é um elemento cultural, que tem, e terá sempre, um papel muito importante no cinema, nas passereles e nas ruas da nossa civilização.

Bibliografia:
- SANTORO, Fernanda. Uma passagem pela Maquiagem no decorrer do séc. XX e suas tendências de comportamento. Disponível em:
http://www.coloquiomoda.com.br/coloquio2007/anais_aprovados/uma_passagem_pela_maquiagem.pdf

Sites consultados:
-
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maquilhagem
- http://samaralinhares.uniblog.com.br/252767/historia-da-maquiagem.html