9 de junho de 2008

Beleza: Conceitos e Absurdos Culturais

Mónica Féria Theotónio da Costa Serrão
Estudante da Universidade Técnica de Lisboa em intercâmbio na UFC
Monicacserrao@hotmail.com


“Beleza é uma percepção individual caracterizada normalmente pelo que é agradável aos sentidos. Esta percepção depende do contexto e do universo cognitivo do indivíduo que a observa.” (Wikipédia)

Partindo deste pressuposto todos os indivíduos têm noções diferentes do que é a beleza, variando do lugar, do tempo e do espaço em que cada um deles se insere. Porém esse conceito individual de beleza é na maioria das vezes manipulado por algo exterior a ele, tal como os mídia e a televisão na nossa sociedade actual, ou mesmo pelos chefes das tribos indígenas, por exemplo.
Desde o inicio da civilização que todas as sociedades, organizadas a partir de relações desiguais de poder, são administradas e regidas por alguém ou algo superior, que impõem a sua vontade e os seus valores face aos outros.
A manipulação do conceito de beleza, está presente em várias sociedades através de diferentes modificações corporais a que os indivíduos se submetem para alcançar o ideal de beleza desejado, que é (quase) sempre o vigente em sua cultura.
É o caso das mulheres Karen, ou “mulheres girafa” como são conhecidas, da tribo Mae Hong Sorn, na Tailândia. Nesta tribo, a partir dos 5 anos de idade, são colocadas argolas de bronze à volta do pescoço das meninas à medida que vão crescendo.
Outra tradição que utiliza a modificação do corpo como ideal de beleza é a dos sapatinhos chineses ”Lótus”. Esta prática perdura desde o séc.X, e apesar de proibida pelo governo chinês no séc.XIX, algumas mulheres ainda a praticam com suas filhas. Consiste nuns sapatos que fazem com que os dedos dos pés se vão dobrando (excepto o grande para manter o equilíbrio), de forma a diminuir o tamanho deste, já que o ideal de beleza era ter os pés do menor tamanho possível, e sem ele as mulheres não se podiam casar.
Ambas as tradições, para a nossa sociedade ocidental actual podem parecer completos absurdos, porém, se observamos com atenção para os nossos costumes iremos perceber que não são tão absurdas assim.
As depilações dolorosas, os produtos químicos para esticar ou enrolar ou mudar a cor dos cabelos, as horas no salão de beleza e na academia, a tortura diária dos saltos altos, o uso das cintas, espartilhos, sutiãs, já para não falar nas operações plásticas a que algumas mulheres se submetem, não será isso um absurdo também?
Duas coisas são certas, o conceito de beleza é puramente cultural, logo inconstante e alterável, e muitas vezes cruel e doloroso. A outra é que os indivíduos de cada sociedade, principalmente do sexo feminino, acabam por ter esse conceito de beleza, da sua cultura, escrito nos seus corpos.