25 de junho de 2008

Dragão do artesão

Danielle C. Estácio de Sousa
Graduanda em Estilismo e Moda
Universidade Federal do Ceará
danielleestacio@hotmail.com


Como todos os anos se reinventa, inova, agrega, este ano o DFB traz muitas novidades. A primeira é que o evento congrega, com charme e vanguardismo, todas as artes. Como dizia Jean Paul Gaultier:"La mode est l'art du changement"(A moda é a arte da mudança), e como carro chefe das mudanças da sociedade, a moda traz consigo as Artes Plásticas e Visuais, Cinema e claro, o Artesanato. Este último, sempre ocupou espaço relevante no evento, trazendo para a sociedade a importância do artesanato local e solidário. A relação entre essas duas expressões artísticas, artesanato e moda, existe há séculos. Desde a Antiguidade, passando pela Idade Média, e estacionou um pouco na segunda metade do século passado, com o pós-guerra. Depois de um boom de industrializados e produção em massa e como reflexo da sociedade atual, o individualismo é a característica que "rege" o homem do século XXI. E a atenção pelo manual, pelo artesanal, pelo único ganha de novo a cena. Essa retomada do gosto pessoal e a valorização do trabalho personalizado, oriundo de pessoas humildes em sua maioria, traz uma nova perspectiva de vida e "massageia" o ego dessas pessoas. Falando em ego, é aí onde os empresários de moda e os estilistas entram em cena, ganhando com a mão -de-obra irrisória e enaltecendo o trabalho desses pequenos produtores, com a fachada de artesanato solidário. E infelizmente na grande maioria dos casos, o sistema de moda tem como base a redução máxima de custos, principalmente no que concerne a mão-de-obra. Ou se produz na China ou Indonésia, ou investe-se aqui mesmo, com o salário um pouco mais significativo e, em contrapartida, benefícios e isenções de impostos, e lógico, com o mérito de ''cidadão honorário".