9 de junho de 2008

Moda solidária: antes e depois

Gabriela Ferrera
Graduanda em Estilismo e moda
Universidade Federal do Ceará
E-mail: gabrielaferrera_@hotmail.com


Como processo social, a moda é efêmera. Os consumidores de moda estão cada vez mais interligados com o mundo e suas tendências, tornando-se mais exigentes e ávidos por novidades. A partir dessa perspectiva, surgem várias oportunidades de geração de renda e de inclusão social através desse segmento de mercado.
Contraditoriamente à massificação de produtos, fala-se em individualização da moda como meio de diferenciação de estilo ou de conceito. Técnicas de artesanato como crochê, bordados e outras são introduzidas em coleções, agregando mais valor ao produto e beneficiando comunidades produtoras através de novos meios de geração de emprego e de cidadania.
Da interação do trabalho de artesãos e de estilistas, surge um resultado fantástico, porém, na maioria das vezes, momentâneo. Alguns grupos de artistas artesãos não são capacitados para caminharem sozinhos e voltam ao estilo de produção anterior. Esse é um ponto que deve ser analisado pelos responsáveis, pois as comunidades necessitam não só do incentivo verbalizado, mas também de meios concretos para a continuidade desse trabalho singular.
Em contraposto a essa realidade existem grupos que são acompanhados por projetos específicos e que conseguem firmar um produto diferenciado, atendendo as expectativas dos consumidores e do mercado, não só o local, mas também se destacando em outras regiões e países.
No calendário de moda de Fortaleza, alguns eventos priorizam essa interação entre setores. Em especial o Dragão Fashion em suas últimas edições vem fortalecendo o “link” entre moda, artes e sociedade. No ano de 2007, o estilista Mark Greiner, juntamente com o resultado do Projeto Rendas e Bordados do Ceará, uma parceria com o SEBRAE-CE e grupos de artesãs dos seguintes municípios cearenses de Aracati, Paracuru e Trairi, apresentou uma belíssima coleção onde mesclou harmoniosamente elementos de sua origem de vida com diversas técnicas de trabalhos manuais desenvolvidos pelas comunidades. Assim, ponto a ponto, vai se afirmando a existência de um diálogo positivo entre moda e inclusão social.