26 de junho de 2008

MODA E ECO DESIGN: Uma parceria na construção do Futuro

Janete Guilherme de Souza
Curso de Estilismo e Moda
Universidade Federal do Ceará
E-mail: janetyguilherme@gmail.com


RESUMO

Este artigo tem como objetivo citar e explanar algumas dos fatores que contribuem favoravelmente por esta parceria, Moda e Eco design, que podem contribuir para a análise da construção de políticas de conscientização da moda, em relação à questão ambiental. Tais fatores contribuem para o reconhecimento de que os problemas ambientais são definidos através dos processos sociais, políticos e culturais por meio da análise da ação dos diversos processos envolvidos na construção de um produto. O foco principal se faz na busca do valor que o design pode agregar a um produto com conceito ecológico, e os fatores e ações que têm contribuído para conscientização da sociedade de consumo.


INTRODUÇÂO

Desde o inicio, a parceria moda e meio ambiente não tem contribuído com muitas vantagens no que diz respeito ao meio ambiente, mesmo nos primórdios da civilização onde não existia se quer o conceito de moda, o homem já se utilizava dos recursos da natureza para vestimenta e adornos. Nada é claro, comparado com a desvantagem que se tornaria a parceria da Moda e meio ambiente, onde o exotismo de animais, a diversidade de minerais e a criação de produtos químicos para tinturaria, lavanderia e acabamento de tecidos, se tornariam tão agressivos para o meio ambiente. A efemeridade da moda, onde os bens em geral são bens não duráveis, também contribuem para a degradação.


No Brasil, a grande maioria das empresas não desenvolve um programa de proteção ambiental, nem de controle de gases tóxicos nos processos de beneficiamento de produtos ou mesmo de consciência ecológica e sustentável de determinada produção. Mas, fatores como a aplicação do eco design ao produto de moda processos envolvendo o consumidor, empresas e ações de conscientização em meio à moda, está cada vez mais na moda.
Diante disso, a necessidade de se cada vez mais agregar valor aos produtos de moda, aliando aos valores que possam vir a ser reconhecidos por consumidores em longo prazo. Por isso é fundamental atentar a sensibilidade do consumidor, com a preocupação já na compra, de um produto de origem ecologicamente correta. Produto este que pode se tornar mais competitivo e valoroso através do posicionamento estratégico no mercado. Para que cada consumidor de moda em potencial faça escolhas compatíveis com as necessidades ambientais e sustentáveis.


1. O DESIGN NA ECOLOGIA

O desafio do século XXI é evitar ou minimizar os impactos adversos de todos os produtos no meio ambiente. Como todos os desafios, este constitui tanto uma demanda quanto uma oportunidade.
Entende-se por eco design: todo processo que contempla os aspectos ambientais em todos os estágios de desenvolvimento de um produto, colaborando para reduzir o impacto ambiental durante seu ciclo de vida. Isto significa reduzir a geração de lixo e economizar custos de disposição final. A definição de ecodesign proposta por (Fiksel, Joseph – Design for environment: Creating eco-eficiência products and processes- 1996) diz que o projeto para o meio ambiente é a consideração sistemática do desempenho do projeto, com respeito aos objetivos ambientais, de saúde e segurança, ao longo de todo o ciclo de vida de um produto ou processo, tornando-os eco eficiente, o que leva à produtividade e lucratividade.
O design adquire papel importante neste conceito de moda e ecologia, o de agregar valor a produtos e transforma-los em produtos com simbologia, pois a qualidade e o alto valor intrínsecos, já não são os únicos elementos a sustentar seu consumo.




“Conceber um produto integrando o meio ambiente”. O eco design, cuja primeira definição foi dada por Victor Papanek, participa de um processo que tem por conseqüência tornar a economia mais “leve”.
Igualmente chamada “ecoconcepção”, trata-se de uma abordagem que consiste em reduzir os impactos de um produto, ao mesmo tempo em que conserva sua qualidade de uso (funcionalidade, desempenho), para melhorar a qualidade de vida dos usuários de hoje e de amanhã”.
(Thierry Kazazian, 2005)

2. O CONSUMIDOR

É visível a existência de um valor simbólico, que orienta o consumidor na escolha de um produto de moda. O estilo de vida, as simbologias regionais e de consciência ecológica entram como uma oportunidade de demanda no mercado da moda. Empresas que se preocupam com o ecossistema e transmitem isso na idealização, pesquisa e construção de seus produtos, acreditam no seu sucesso com consumidores que também apóiam está causa. Depois de muito se falar sobre os estragos sofridos pelo meio ambiente, o consumidor toma consciência do seu papel perante as atitudes para “salvar o planeta”.
Este novo conceito procura abordar os diversos aspectos que influenciam o consumidor e o mercado da moda brasileira, neste momento importante que é o de conduzir o crescimento de forma menos impactante para o planeta.

3. AS EMPRESAS

Diversas empresas de moda promovem desfiles e coleções baseadas nos conceitos de eco design, onde o objetivo é fazer uma moda que respeite o meio ambiente, e palavras como: repensar, reciclar e renovar se tornem parte de todo um conceito abraçado pela marca e seu público. Algumas destas empresas nacionais que aderiram à “eco moda” como: Osklen, Poco Pano, Vide Bula, Melissa e Hering, são exemplos de que a iniciativa de levantar a bandeira do meio ambiente produz um efeito de conscientização do consumidor ou no mínimo de apoio.
A moda sustentável apropria-se tanto de materiais reciclados quanto de materiais que não causam danos ao meio ambiente, como tecidos orgânicos e tintas naturais. Algumas marcas utilizam como matéria prima retalhos de tecidos de grandes indústrias têxteis ou até mesmo roupas velhas, matéria prima que muitas vezes, assume um papel de artigo de luxo, atravéz do design e de todos os valores nele agregado.

4. AÇÕES EM BUSCA DA CONCIENTIZAÇÃO

Uma iniciativa bastante interessante foi realizada pelo São Paulo Fashion Week, que a várias edições vem levantando a bandeira de conscientização e busca por sustentabilidade em meio a moda. Por se tratar do maior evento de moda do Brasil, incentiva a inúmeras outras ações por parte de empresas, estilistas, jornalistas, estudantes e consumidores de moda. O tema da semana de moda foi “ Motainai”, palavra que em japones, se refere ao “respeito”, ou seja o “não desperdicio”. A ideia do evento é respeitar o outro, o seu meio ambiente, e se respeitar. Com isso, valorizar coisas que temos a nossa volta.
Outro evento interessante foi a campanha “Eu não sou de plástico”, que teve como responsável a jornalista de moda Lilian Pacche, onde o objetivo era incentivar as pessoas a não utilizarem sacolas plásticas. Para isso, mais de cem estilistas participaram do evento e desenharam bolsas exclusivas, juntamente com ONGS e outras entidades relacionadas. Nessas circunstâncias várias são as empresas que reestruturam toda sua equipe, procedimentos, matéria prima na busca do cnceito de moda sustentavél.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desafio que temos pela frente é cada vez mais promover seja através de consumidor, empresas ou ações a conscientização de que a moda pode e deve ser aliada no comprisso de todos a preservação do planeta. Ao assumir este compromisso e considerarmos o fato de que os fatores apresentados aqui e o crescente número de intervenções por meio da sociedade de consumo, deve ser construída sobre bases ambientais sólidas, ou seja a partir de uma ampla visão do problema, que analise não apenas a questão ambiental, mas toda a dinâmica que está associada a tal questão, como os aspectos culturais e de oportunidade.



6. BIBLIOGRAFIA

GIDDENS, A. (1991). As conseqüências da modernidade. São Paulo: Editora UNESP. 177p.
BAURILLARD, Jean. A sociedade e consumo. Rio de Janeiro: Edições 70, 1991.